terça-feira, 15 de setembro de 2009

mais um fulgurante poema de Maria do Rosário Pedreira...

"O sono retirou-se do meu corpo e as cigarras
atormentam as minhas noites. Depois de teres
partido, os lençóis são como limos frios
que se agarram à pele. Porém, se me levanto,
não faço mais do que arrastar a solidão pela casa;

talvez procure ainda um gesto teu nos braços
do silêncio, como um pombo cego a debicar
as sombras na única praça deserta da cidade -

o amor nunca aprendeu a ler nas linhas da mão."

O Canto do Vento nos Ciprestes, Maria do Rosário Pedreira

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