quinta-feira, 19 de março de 2009

trago abertos os pulsos (...)


1
trago abertos os pulsos
pelas lâminas
porque quero alimentar as rosas
mortas.
injectá-las de pólen e efervescente
magma
e abrir ainda as suas coroas difíceis.
dos túmulos silenciosos onde se
deitam trazê-las rubras
como corpos delicados
arrancá-las
ceifando as suas raízes dos leitos
onde se esquecem:
pétala a pétala ascender-lhes o lume.

e depois, com o sangue derramado
desta angústia
apagar rostos nomes datas
gravados antes de mim na
lápide fria.

2
a criança disse:
ao nascer não sabia dos sepulcros
nem da gestação das covas
ou do duro ofício das ceifas.
ao longo da vida me têm ensinado
a morrer.
mas ao silencioso fogo dos poentes
deixo ao esquecimento este simulacro
de amargura e
lembro-me dos pássaros a
eternidade.
calada, desenho asas na pele.
não raras vezes ressuscito
rosas

1 comentário:

Karenina disse...

Andamos a ficar muito botânicos os 3... lol Ou será da Primavera?
Também sinto falta das nossas conversas sobre 'nada e mais alguma coisa'. :)
Gostei do post. "calada, desenho asas na pele."
Costumo preferir poemas curtos.
Um beijinho*