segunda-feira, 17 de agosto de 2009

requiem por um tempo que não vivi, 1986

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Naquele tempo eu era um sulco profundo
por escrever no teu rosto,
uma sombra ou claridade a amparar os teus passos.
Pelas ruas, pelas cidades, pelas casas quietas
absortas na gestação da morte e da poesia.
Frágil, quando já existias no mundo, eu era ainda
brisa ténue a atravessar os teus dias
uma poalha de memórias nas manhãs de abril,
quando me esperavas nas noites de misterioso sossego
e lembravas o meu olhar ainda por nascer
- horas para escrever o futuro das aves e o amor dos lumes
com a caneta a verter sangue sobre a folha.
E antes de mim, eu era linha de lume na borda dos teus lábios
uma palavra de água a beber da tua pele, dos teus cabelos,
um nome oculto sob a carne tatuado.
Ccatriz invisível no teu corpo ainda imberbe.

2 comentários:

Karenina disse...

Abril, (quase) sempre Aril. :)
Lembro-me de ter um pensamento semelhante de "antes e depois de mim", ainda que mais abstracto, quando era pequena. Ás vezes, continua a fazer sentido... *

Luiza Nunes disse...

:)