quarta-feira, 25 de novembro de 2009

"A Morta"


Isto aconteceu.
A Morta ouviu dar a última badalada da meia-noite, ergueu os braços, e levantou a tampa do caixão. Desceu devagarinho, circunvagou em redor os olhos de pupilas sem luz; os outros mortos, bem mortos, dormiam pesadamente. Puxou para si a porta do jazigo que dava para a noite. O vestido branco manchou o negrume das sombras.

(...)


Florbela Espanca, Máscaras do Destino, "A Morta"
(Um excerto de um conto líricamente cemiterial, e sem dúvida um dos melhores que já escreveu a pálida Florbela Espanca.)

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